segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Evento Público X Evento Privado: quem sai ganhando?




A Jessyca, aluna do 2º módulo do TE fez um comentário tão interessante no último post, da Carol, que resolvi estender um pouco mais as reflexões iniciadas por ela.

Como a Carol adiantou, neste último final de semana aconteceu em Juiz de Fora a Parada Gay e o 34ª Miss Gay, sendo que o primeiro evento aconteceu pela tarde, em plena avenida Rio Branco (coração da cidade) e o segundo pela noite, no Sport Club.

De acordo com dados de jornais locais, a Parada contou com um público de aproximadamente 70 mil pessoas (dados da PM) ou 120 mil (dados dos organizadores), gente saindo pelo ladrão, concordam? É um evento grandioso, não podemos negar!

A Parada Gay é recente (está em sua 8ª edição), mas a presença de drag queens e travestis animando o calçadão da cidade já é um patrimônio imaterial de Jotaefe. Me lembro de, ainda pequena (ok, garotos nem faz tanto tempo assim), meus pais me levarem pra ver a folia no calçadão. Lembro-me de haver muita brincadeira, exibição, exageros, mas tudo num tom bem cordial.

Bem, infelizmente neste último sábado a coisa não foi tão assim, 3 pessoas foram baleadas no evento, sendo que uma (um rapaz de 15 anos) foi morto com 4 tiros. Tudo indica que os casos são frutos de brigas de gangues rivais (de dois bairros da cidade) e nada têm a ver diretamente com o evento, que sempre foi marcado pela irreverência e pelo forte apelo contra a homofobia e qualquer maneira de repressão daquele que lhe é diferente.

Aliás, aí está o ponto destacado no último post e que acho relevante complementar: meus caros, se querem trabalhar com eventos, com organização e planejamento, ou seja, com gente, sinto lhes informar que nada combina com intolerância e desrespeito às diferenças. Você pode até não querer aquilo que o outro escolheu pra vida dele, mas isso não te impede, de jeito nenhum, que o respeite! Desse modo quero enfatizar que quem optou por trabalhar com eventos será um sujeito com mais chances de sucesso aquele que tratar a todos com respeito, tolerância e cordialidade (destaque aqui que não falo apenas de raça ou opção sexual, mas também diferenças de crenças, de status, de renda e de escolaridade).

Mas a Jessyca! Ah, a Jessyca tocou num ponto delicado, mas importante pra gente refletir, ela disse que a cidade anda violenta demais e que este fator pode ser restritivo à existência de eventos públicos, sendo que os organizadores privilegiarão eventos privados. A violência é mesmo um fator preocupante num evento ao ar livre condensando milhares de pessoas; o Tribuna de Minas trouxe o depoimento do tenente Toshio Yamaguchi, comandante da 30ª CIA PM. Ele disse que o trabalho dos cerca de 370 policiais responsáveis pela segurança do evento foi facilitado pela mudança no trajeto do evento.

Agora, com relação a eventos públicos X eventos privados; em geral os eventos públicos são aqueles financiados por órgãos públicos (afinal de contas os eventos também são fruto de políticas públicas) ou por marcas que pretendem lançar produtos ou se apresentarem a seu público-alvo. No geral, os promotores de eventos darão preferência aos eventos privados, por que? Porque eles darão lucro ora bolas.

Mas os eventos públicos têm seu papel. Gente o que seria desse Brasilzão sem seu carnaval de rua, sem o povo celebrando nas ruas, nas praças, nos guetos? Temos que ter cuidado no julgamento, não é porque temos violência em excesso que daremos preferência aos eventos privados ao invés de reivindicarmos segurança pública em dobro (afinal temos direito a ela). O povo não pode ceder e deve reivindicar seus direitos a lazer e - porque não – aos eventos. Afinal de contas: “a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte”!

Gheysa.

7 comentários:

  1. Com cereteza...Todos nós estamos em busca de lazer,porém a falta de segurança em eventos públicos, faz com que cresça um certo preconceito dentro de nós.Devido a isso nos sentimos mais seguros em eventos privados,que com certeza há mais segurança. Mas não podemos generalizar, temos que estar conscientes que precisamos exigir nossos direitos, temos que exigir mais segurança nos eventos públicos, essa é uma das soluções para esses eventos não acabarem. Todos precisam entender que os eventos públicos precisam de espaço e não devem se extinguir,pois é do alcanbce de todos que esses eventos são sempre os melhores que acontecem!. Abraços.

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  2. Acho super válido a realização de eventos públicos para a massa com o intuito de conscientização, como por exemplo, a Parada da Gay, pois é cedendo espaço para que a população possa refletir que conseguimos melhorias, não só contra o preconceito, mas sobre todas as questões sociais. Infelizmente a violência existe e convive conosco todos os dias, é lamentável que um evento tão grandioso e bonito tenha que dividir manchetes e comentários com acontecimentos tão tristes.

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  3. GENTE SO UMA OBSERVAÇAO, ME EQUIVOQUEI AO DIZER DOS ACONTECIMENTOS,POIS A MORTE QUE HOUVE NA PARADA, FOI DE UM MENOR,COMO DISSE A GHEYSA NESTE POST.
    MAS ENFIM,SOBRE A MATERIA PUBLICO X PRIVADO,ACHO QUE POR MAIS QUE SE REFORCEM A SEGURANÇA, OS EVENTOS PUBLICOS NAO SERAO MAIS OS MESMOS, POIS JA PEGARAM FAMA DE SEREM EVENTOS VIOLENTOS,E DEVE SER DIFICIL RETORNAR A SITUAÇAO.
    BOM ESPERO,QUE NAO SEJA ASSIM, MAIS CREIO QUE SEJA MUITO DIFICIL VOLTAR A SER O QUE ERA, UM EVENTO PARA TODOS, ONDE A CONFRATERNIZAÇAO ERA SEU PRINCIPAL MOTIVO.

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  4. Respeitar as diferenças é o que há. Não se pode ter essa de ser preconceituoso, coisa muito mesquinha e desnecessária, isso que eu acho.
    Como disse a Gheysa, posso não querer o que o outro escolheu, posso ter mais escolaridade que ele, mas de que isso importa? Isso não faz ninguém melhor que ninguém!
    Pra se trabalhar com Eventos, trabalhar com gente, tem que ser compreensivo.
    O que a Jessyca disse, eu discordo. Existem vários Eventos públicos que são tranquilos. Onde há muita gente, sempre há aflição, pode acontecer algo, mas em geral os eventos conseguem ocorrer tranquilamente.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. O ponto citado foi muito interessante, os dados que estam no texto mostram a grandiosidade do publico e a falta de policiamento, gerando assim, brigas e até mortes, motivadas simplismente por futilidades. Privar o evento daria, de certe forma,uma segurança a mais, porem faria com que o evento perdesse o foco de luta contra a homofobia.
    As pessoas necessitam se conscienteizar de que quanto mais violencia, menor a vontade de se realizar o evento novamente, e no final, as duas partes saem perdendo.

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  7. A violência está tão grande, que nem os eventos privados transmitem tanta segurança assim.

    Isso de fato, é um problema para nós, organizadores de Eventos, mas porque?
    Porque há ainda não só preconceito com eventos deste tipo, e com eventos públicos, como falta também, seguindo o que a Camila disse, uma conscientização das pessoas que participam dessas festivides, e às vezes, são tão ordinárias, que já saem de casa com o intuito de brigar e causar tumulto.
    O dia em que as pessoas souberem diferenciar "lazer" de "violência" e "briga", o que têm ocorrido muito, os eventos públicos serão mais privilegiados. Além do mais, sem querer generalizar, muitas vezes, os que começam uma briga, em um evento aberto, são aqueles que mais vão sair prejudicados com o término destas festividades públicas, pois não são todos que têm dinheiro suficiente para ir a um evento privado.

    Então, em pleno século 21, qual a finalidadde de um preconceito?
    Abra sua mente, e "enjoy the trip"!
    Diga não a violência e se divirta!

    beijãO*

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